...pensamentos, meditações, esboços e outros apontamentos de um pastor!

15
Abr 22

Deus não nos dá aquilo que merecemos,
pelo contrário, dá-nos aquilo que não merecemos!

 

Depois de uma noite mal dormida e de sofrimento, de um amanhecer de humilhação e de tortura, Jesus foi conduzido para fora da cidade, ao “lugar chamado Calvário” (Lucas 23:33). Este era, provavelmente, um lugar cuja formação geológica tinha o aspeto de uma caveira. O relato do evangelista Marcos diz que eram 9 horas, “hora terceira” (Marcos 15:25), quando o pregaram na cruz. Diz ainda que o retiraram de lá, já depois das 15 horas, “hora nona” (Marcos 15:34, 42), ao cair da tarde, antes do pôr-do-sol. Certamente que foram mais de seis angustiantes horas pregado no madeiro. A crucificação era um castigo bárbaro, cruel e o mais sórdido de todos. Os condenados morriam lenta e dolorosamente, porém, os Evangelhos não dão ênfase ao tormento físico que Jesus suportou. O texto bíblico concentra-se no propósito da morte do Senhor.

 

Quando lemos a narrativa da crucificação de Cristo nos quatro Evangelhos, para além do desenrolar dos acontecimentos, chamam-nos à atenção as sete frases proferidas por Jesus enquanto permaneceu pregado. Três destas afirmações estão registadas em Lucas, outras três em João, e uma outra é referida por Mateus e Marcos. As palavras que o Senhor falou antes das três horas de trevas sobre a terra, acontecimento este que se deu entre as 12 e as 15 horas, encontram-se em Lucas 23:33-34, Lucas 23:43 e João 19:26-27. As palavras ditas no final das trevas estão em Mateus 27:46 e Marcos 15:34. As derradeiras palavras podem ser lidas em João 19:28, João 19:30 e Lucas 23:46.

 

Tudo o que Mestre disse na hora da Sua morte causou, e causa ainda hoje, um grande impacto na vida dos Seus discípulos. Poderíamos falar de cada uma destas frases, mas gostaríamos apenas de recordar aquela que se encontra em Lucas 23:34: “Pai, perdoa-lhes porque eles não sabem o que fazem”. Esta oração, feita não só em favor dos soldados romanos e dos judeus daquela altura, mas também em favor de todos aqueles que ainda hoje continuam a rejeitar Jesus e a não reconhecê-Lo como Salvador e Senhor das suas vidas, é uma tremenda demonstração do amor de um Deus misericordioso e gracioso.

 

Por um lado, a crucificação mostra toda a maldade humana, mas, por outro, revela a imensidão do amor de Deus. Aquilo que vemos na cruz é o amor de um Pai que dá o Filho Unigénito para a salvação de todo aquele que Nele crê (João 3:16), e o amor de um Filho que a Si mesmo se entregou, voluntariamente, pelos pecados da humanidade (Isaías 53:12; Tito 2:14). A crucificação aconteceu por causa do nosso pecado, mas principalmente porque o incomparável amor de Deus é infinito, profundo e, na verdade, excede todo o nosso entendimento (Romanos 5:6-8, Efésios 3:19).

 

“Pai… eles não sabem o que fazem”

Na hora da sua morte, o Mestre colocou em prática aquilo que sempre ensinou: “Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem” (Mateus 5:44). Olhando nos olhos daqueles que, enfurecidos, o queriam matar, Jesus dirigiu-se ao Pai pedindo que Ele não interviesse, que não manifestasse sobre eles a justiça divina, que não castigasse todos aqueles que o maltratavam. O Pai, que era um com o Seu Filho, com os laços mais estreitos e íntimos de amor, com quem partilhava tudo aquilo que Ele era, é, e sempre será, tinha toda a legitimidade para agir em defesa do seu amado Filho. A paternidade leva a cuidar e a proteger aquele que é filho. “Pai, eles não percebem o que estão a fazer. O pecado escureceu as suas mentes. O pecado endureceu os seus corações. Eles não conseguem discernir… por essa razão, agem desta maneira incorreta”. Foi desta forma que o Filho intercedeu junto do Pai. Jesus, ao ver aquela multidão, como fizera tantas outras vezes, compadeceu-se dela “porque eram como ovelhas sem pastor” (Isaías 53:6, Mateus 9:36), que caminhavam para um abismo, do qual, sem Deus nas suas vidas, não há retorno. O injuriado intercedeu pelos que o injuriavam, “não pagando mal por mal, injúria por injúria, pelo contrário, bendizendo…” (I Pedro 3:9). Em vez da revolta e do desejo de castigo para com aqueles que O maltratavam, Jesus rogou ao Pai o perdão para eles. Aquilo que o Mestre ensinou na oração do “Pai nosso”, em Mateus 6:12, sublinhando-o nos versículos 14 e 15, pôs em prática na cruz, lá no Gólgota (Isaías 53).

 

Ah! Como seria bom que aprendêssemos isto de uma vez por todas. No amor não há lugar para o ressentimento, para a ira, ou para o desejo de vingança. O amor leva ao perdão, e o perdão é melhor do que qualquer medicamento ou terapia, porque limpa e alivia o coração humano. O perdão é capaz de curar quem perdoa e quem se sente perdoado. O Apóstolo Paulo, tendo experimentado isto mesmo na sua vida, afirmou: “Revesti-vos, pois, (…) de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade. Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente (…). Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós; acima de tudo isto, porém esteja o amor, que é vínculo da perfeição. Seja a paz de Cristo o árbitro em vosso coração, (…).” (Colossenses 3:12-17). Ou ainda como Estêvão, perante aqueles que o apedrejavam, ajoelhando-se, orou: “Senhor, não lhes imputes este pecado!” (Actos 7:60).

 

É o amor de Deus que traz o perdão ao pecador. É o facto de Deus ser misericordioso, que faz com que não recebamos aquilo que verdadeiramente merecemos: “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor.” (Romanos 6:23). Em vez do castigo, da morte, Ele faz repousar sobre nós o seu amor gracioso, isto é, o perdão, a vida. Deus dá-nos aquilo que não merecemos: “Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, pela graça sois salvos” (Efésios 2:4-5).

 

Jesus morreu na cruz por causa do nosso pecado e pelo resultado que o pecado traz à nossa vida. O pecado afasta-nos de Deus e conduz-nos a uma perdição eterna. Cristo morreu para que nós fossemos perdoados e recebêssemos a salvação. O Cordeiro Pascal entregue por Deus para nos substituir na morte, Aquele que não tinha pecado, assumiu os nossos pecados para que pudéssemos ser perdoados e salvos. “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fossemos feitos justiça de Deus.” (II Coríntios 5:21).

 

Esta oração, “Pai, perdoa-lhes porque eles não sabem o que fazem”, resume o imenso amor de Deus por nós, demonstrado na cruz por altura da Páscoa. O Deus da misericórdia e da graça não nos dá aquilo que merecemos, pelo contrário, Ele dá-nos aquilo que não merecemos. Assim, os pecados são perdoados, a dívida é perdoada, e a vida é dada a todo aquele que, com fé, crendo no poder do Deus que ressuscitou Cristo Jesus dentre os mortos, O aceita como Senhor e Salvador da sua vida.

Jaime Fernandes

(Publicado na revista "Lar Cristão - Páscoa 2021")

Pr. Jaime Fernandes - pechanense às 10:00

30
Mar 17

Quando os primeiros cristãos, judeus, pensavam que a salvação oferecida por Deus, na pessoa de Jesus Cristo, era só para eles e que os gentios não deveriam fazer parte dela, Deus, de uma forma inesperada, mostrou-lhes que essa não era a Sua vontade.
Mesmo à frente dos seus olhos o Senhor da Igreja derramou a Sua maravilhosa graça sobre gentios. Pasmados, viram aquilo que para eles seria impossível acontecer. O Espírito Santo manifestou-se naqueles que eram vistos como comuns e imundos. A Igreja aprendeu que a salvação, o Espírito Santo e todos os dons que Ele concede, não são exclusividade de alguns. É Ele quem decide o que e a quem dar. Ainda hoje o Deus soberano mostra que para Ele não há “judeu nem grego, não há servo nem livre, não há macho nem fêmea”.
A Igreja tem que aprender de uma vez por todas que a vontade de Deus é soberana. Por mais que tentem, os homens não conseguem limitar a vontade e a acção do Espírito Santo. Na Igreja de Cristo o Homem do leme é Cristo.
A Igreja não tem outro remédio senão arrepiar caminho... o caminho que ela mesma pretende seguir. Não vale a pena ficarmos irredutíveis quanto às nossas verdades religiosas.
Ainda hoje, quando os homens julgam que são eles que têm as rédeas da Igreja do Senhor Jesus Cristo nas suas próprias mãos, Ele mostra, de uma forma tremenda, a Sua soberania.

“Ao que Deus purificou não consideres comum” (Actos 10:15)

(Actos 10:44-45)

Pr. Jaime Fernandes - pechanense às 14:34

04
Nov 15

Há uns anos atrás estava eu na sala de espera de um consultório médico, aguardando a minha vez, quando peguei numa revista e comecei a desfolhá-la. A certa altura reparei numa frase da artista norte americana, Jessica Alba, que dizia o seguinte: “... o meu pai ficou muito contente por eu fazer parte da lista das 50 pessoas mais bonitas do mundo porque pensa que sou parecida com ele. Disse logo que tinha a ver com os genes...”

A verdade é que nenhum dos meus dois filhos alguma vez foi distinguido como sendo “um dos 50 mais bonitos do mundo”, o que particularmente acho muito injusto… mas isso é outra questão. Tirando este pormenor, todas as pessoas que os conhecem dizem sempre que “são a minha cara”. Penso que a mãe deles também concorda, pois ela diz muitas vezes “sais mesmo ao teu pai”

Creio que todos os pais ficam vaidosos quando ouvem dizer que os filhos reflectem aquilo que eles são. Muito mais do que uma semelhança física, eu e a minha mulher ficamos felizes quando as pessoas comentam que os nossos filhos revelam comportamentos que espelham aquilo que nós procuramos ser e procuramos transmitir-lhes por palavras e exemplo de vida.

Como cristãos que somos, muitas vezes deveríamos perguntar a nós mesmos se o nosso Pai Celestial também fica feliz quando ouve falar de nós. Será que eu posso imaginar os anjos lá no céu dizerem a Deus: “Olha, estás a ver o teu filho! A sua vida revela santidade, humildade, amor, compaixão, fidelidade, serviço...” ao que Deus responde imediatamente: “Sai a mim. Tem a ver com os genes.”

“Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados;” (Efésios 5:1)

Pr. Jaime Fernandes - pechanense às 13:46

11
Set 14

Aqueles que, excessivamente zelosos, se julgam detentores de toda a verdade sobre Deus, são cruéis e destruidores. Pela sua crença religiosa agem de um modo obsessivo e intransigente para defender, expandir e impor a sua doutrina.

Pr. Jaime Fernandes - pechanense às 12:29

23
Ago 14

"O desafio da fé no Deus que se revela a Israel é entender que a vida não vem dos deuses frágeis criados pela imaginação humana" LUIZ SAYÃO

Pr. Jaime Fernandes - pechanense às 17:41

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